Situado no Município de Quatro Barras, o morro do Anhangava tem sido referência nacional no que se refere às primeiras noções de escalada técnica. É considerado uma das melhores escolas de montanhismo do Brasil.
Com aproximados 1430 metros de altitude, está localizado na Serra da Baitaca, e leva o nome, da língua nativa, de morada do diabo.
Não obstante o seu nome seja dotado de terrível significado, esta beleza da natureza é cunhada pelas mãos do Criador e tem proporcionado muito àqueles que frequentam a região.
É um morro de fácil acesso, portanto muito visitado por montanhistas locais e amantes da natureza. Ainda é válido lembra que por ser um dois melhores pontos de aprendizado de escalada, montanhistas do país inteiro e do mundo vêm a região para praticar o esporte.
São inúmeras as vias de escalada técnica, que ao serem somadas totalizam aproximadamente 180 vias diferentes que variam da escala II a IXa (conforme sistema brasileiro de graduação de vias).
Fazendo um breve relato histórico, a região da Baitaca, em especial o Morro Anhangava, foi submetido a uma intensa extração de minérios destinados à construção da estrada de ferro (por volta de 1880).
Efetivamente o morro tomou maior atenção quando, na década de 50, realizou-se uma romaria, construindo-se uma capela no cume do morro.
Desde então as diversas vias de escalada em rocha foram descobertas, criadas, classificas e nomeadas.
Com tais apontamentos, é possível traçar uma narratória do caminho com os principais pontos.
A trilha inicia-se em dois pontos, isto é, a trilha original (um pouco mais comprida, contudo muito mais bela) e a trilha de baixo, passando pelo refúgio 5:13 (local onde se pode passar a noite, uma ótima opção para viajantes montanhistas).
A trilha de cima ou original, começa logo ao lado do início do caminho do Itupava.
Ao chegar, existe um estacionamento onde é pago uma tarifa módica de R$ 5,00 por carro. Ao lado do estacionamento se encontra o posto do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) onde é necessário realizar o cadastro.
Realizado o cadastro, sobe-se pela estrada à esquerda do Trailer do IAP por alguns metros, havendo uma placa indicativa do efetivo início da trilha.
Primeiramente, recomenda-se fazer a trilha em grupo não inferior a três pessoas, pois a região é próxima a zona urbana e o local é de fácil acesso, portanto podem haver maus indivíduos. Tal apontamento é para mera atenção, pois a trilha é bem movimentada, não havendo grandes riscos, porém é sempre bem ter ciência de alguns riscos isolados.
Segue-se por uma leve subida, sem grandes dificuldades. Algumas centenas de metros a frente, a trilha culmina em uma estrada, caminhe alguns metros e verás uma placa à direita apontando o trajeto. Daí segue-se mais algumas centenas de metros em leve subida, onde o caminhante se depara com a primeira opção de caminho, à esquerda para subir para o cume do Anhangava ou à direita para descer a uma das cachoeiras da região. Tomando o caminho rumo à cachoeira, é uma trilha de aproximadamente 20 a 25 minutos de duração, em leve descida. Há uma única divisa de caminho, à direita se vai para um local onde há pedras, um ótimo local para um lanche, à esquerda segue o caminho rumo a cachoeira. Vale a pena conferir!
Caso a escolha do caminhante seja fazer o cume, seguindo à esquerda, a caminhada é de leve subida, sem grandes dificuldades. Aproveite para tirar muitas fotos, contemplar a paisagens. Evite jogar lixo no chão. Caso veja lixo pela região e se for possível coletar, colete! A natureza e as futuras gerações agradecem.
Algumas centenas de metros a frente, passasse por uma região plana onde à esquerda se situa um vasto taquaral (para os leigos, uma planta em forma de colmos, da mesma espécie dos bambus), à direita uma grande floresta de eucaliptos. Aproveite para tirar algumas fotos e contemplar a vista acima de sua cabeça.
Seguindo o caminho, o próximo ponto de referência é uma pequena fonte de água, boa água para consumo. Preserve o local, aproveite para fazer uma parada e coletar água para a subida, pois acima não existem pontos com água potável boa para consumo.
A caminhada segue prumo cruzando, à esquerda, o pequenino córrego da fonte, subindo-se por um barranco com inclinação de aproximados 70%.
Superado tal lançante, caminhando um pouco mais, após algumas subidas e descidas, chega-se ao início da trilha mais acentuada. Esta região possui grandes partes de exposição direta ao sol, assim como o cume, portanto boné e protetor solar sempre são boas pedidas.
A subida com inclinações de até 40% é acidentada, cheia de pedras, mas proporciona boas vistas ao caminhantes. Seguindo em frente, após superar uma série de subidas por cima de algumas pedras, chega-se a um dos primeiros mirantes que fica logo a esquerda. Não há nenhuma característica local para diferenciar o local a não a bela vista.
Continuando a caminhada, incia-se uma série de lançantes, alguns trechos com paralelepípedos, que constantemente passam por arrumações e contenções realizadas pelo CPM (Clube Paranaense de Montanhismo) e a AMC (Associação dos Montanhistas de Cristo), siga sempre para cima. Em um momento você verá a esquerda uma placa apontando para o Caminho da Baitaca, que leva ao posto do IAP de baixo, a trilha de baixo. Siga subindo.
O próximo ponto de referência é a primeira escadinha. Alguns grampos (degraus) foram fixados em uma pequena rocha que se situa no meio do caminho. É facilmente superada. A caminhada continua em ascensão, que em dias de calor é árdua, até uma grande pedra que se situa à direita e aparenta estar prestes a rolar morro abaixo.Subindo pela sua lateral, logo ao final da rocha, pela subida, há uma brecha que permite subir sobre a rocha e contemplar a paisagem. Recomenda-se que, não encontrando tal abertura, o caminhante não se atreva a adentrar na mata. Não houveram muitos casos de pessoas que se perderam na região, porém não é bom arriscar.
A frente a trilha continua em ascensão até a segunda escadinha que, igualmente à outra, é de grampos fixados em uma pedra um pouco maior, mas tão fácil de superar quanto a outra.
Seguindo o caminho algumas centenas de metros, o caminho passa a ser um pouco mais íngreme, porém tranquilo, não apresentando nenhum tipo de risco aos caminhantes, a não ser o desgaste físico. Força, pois um dos mais belos mirantes está a chegar, é a pedra da mesa, local perfeito para uma parada, lanche e descanso para os despreparados. Não consuma toda sua água, ainda há um longo caminho a ser traçado.
Partindo da pedra da mesa a trilha não apresenta novidades, continua em ascensão, até chegar a um paredão de pedra onde se inciam muitas vias de escalada técnica. Para o caminhante que pretende fazer cume sem equipamentos de escalada, siga pela direita, costeando a rocha. Caminhando por volta de cinco minutos, chega-se a Caverna do Urubu, onde existem inscrições datadas do Século XVIII. É um bom local para se fazer uma pausa e descansar para o lançante final rumo ao cume.
Neste trecho final existem alguns desafios a serem superados, primeiramente a altura, existem algumas regiões de exposição direta a quedas médias para grandes. Saindo do local onde se situa a Caverna do Urubu, siga pela esquerda, costeando os paradões de rocha, onde é possível se fazer escalada técnica, ultrapassando uma série de grampos fixados no chão.
Logo em seguida o caminhantes avistará uma escada de grampos na rocha com aproximadamente 30 a 40 metros de altura em inclinação de quase 80%. Neste ponto não há outra opção de subida. É necessário encarar e seguir com cautela. Não há riscos se o caminhante proceder com paciência e cuidado.
Ao terminar a escada, inicia-se uma árdua caminhada em rocha, principalmente nos dias de sol. O prêmio é a linda visão de toda a região.
Nesta etapa a caminhada é realizada em pedra, deve-se proceder o trajeto com cuidado, pois a inclinação é continua, atingindo inclinações de quase 60%.
Para fazer o percurso é necessário estar atento as marcações em tinta branca na rocha. Não há erro, siga as setas brancas e chegarás ao cume tranquilamente. Não desvie o caminho se não conhecer a região.
O início da subida em rocha é de aproximadamente 10 a 15 minutos, superado tal lançante chega-se a uma segunda subida em rocha um pouco mais suave, que em 10 minutos facilmente é superada.
Após a subida em rocha, chega-se a uma região mais plana, porém continua-se subindo. Existem grandes rochas, siga as marcações brancas e não há erro.
Superada tal caminhada, chega-se a um local onde se pode perceber que havia algo construído ali. Sim era a velha capela. Destruída por vândalos, infelizmente.
A caminhada segue à direita, entre alguns arbustos, em uma pequena trilha com grandes paralelepípedos no chão. Caminhando mais algumas dezenas de metros, é possível se avistar o cume (olhando-se à esquerda, logo a direita de uma grande pedra, chamada de pedra Inca). Siga a trilha, descendo até um plato onde muitas pessoas acampam (recomendo não acampar na região por ser local de fácil acesso, podendo ser perigoso à noite), continuando a trilha à esquerda há um mirante onde é possível fazer um lanche. Tocando em frente, ao chegar em uma grande pedra (pedra inca), siga pela esquerda em um lançante estreito. Eis o cume do Anhangava.
Contemple a vista, aproveite para descansar, tirar fotos, curtir a paisagem. Do ponto é possível ver o Conjunto Marumbi, Pico Paraná, Pão de Loth, Curitiba e outros.
Quanto a descida, tradicionalmente se volta pelas escadas, pela exata trilha que foi realizada a subida, contudo, passando pela pedra Inca, alguns metros abaixo, à direita, há uma trilha secundária, mais longa, que o levara ao pé do Anhangava. Caso opte pegar esta trilha, siga até o final dela que culminará em uma ponte de paralelepípedo acabando em uma estrada de carro. Neste ponto pegue a bifurcação à esquerda por uma longa estrada de paralelepípedo que iniciará algumas centenas de metros a frente. O ponto de chegada será no trailer do IAP situado na trilha de baixo.
Por fim, é bom destacar que os equipamentos necessários são mínimos, isto é um mochila pequena, muita água, boné, filtro solar, tênis ou bota confortável, camisas dry-fit de preferência e muita disposição. Quanto o transporte, caso queira ir de ônibus, tome um na estação do Guadalupe em Curitiba sentido Quatro Barras e vá até o ponto final.
Eis o relato atualizado e firmado em experiência própria realizada durante o ano de 2011.
Seguem algumas fotos do pessoal que constantemente realiza o trajeto.
Equipe: Ana, Carlos Felipe, Carlos Samuel, Rodrigo e Jéssica.
Carlos Felipe e Carlos Samuel. Subida após o caminho da Baitaca
Vista após as escadas que levam ao cume.
Cume. Rodrigo.
Rodrigo e Jéssica, sua eterna companheira. Cume.
Rodrigo e Jéssica. Plato 360° após a antiga capela.
Ana e Carlos Felipe comemorando a prévia Conquista!
Rodrigo e Jéssica. Segundo lançante de pedra para o cume.
Da esquerda para a direita: Rodrigo, Jéssica, Ana e Carlos Felipe.
Flor de Ascucena
Jéssica. Descida do Cume.
Grampos fixados no chão. Alguns metros antes da escada que ascende à parte final.
Copa dos Eucaliptos. Pouco antes de chegar à fonte de água.
Por do Sol visto da pedra da mesa. Não recomendo descer à noite.
Nuvens encobrindo a lateral do morro ao entardecer
Por do Sol da Pedra da Mesa.