A intenção era atingir o cume da montanha mais alta do sul do Brasil, Pico Paraná, para os montanhistas da região "PP".
Formada a equipe, Rodrigo, Lucas e Jonathan. No dia predecessor daquele que fora marcada a data de saída, eu, Rodrigo, preparei os equipamentos com o necessário para uma pernoite e muito mais. Entrando em contato com a Jéssica, minha querida companheira, fui informado que os demais integrantes da equipe resolveram realizar uma espécie de "survivor" na empreitada. Óbvio que o "PP" ficou para próxima ocasião.
Mesmo deixando o "PP" de lado, fato que não foi planejado a início de conversa, a equipe visitou a região com o objetivo maior de relatar os caminhos percorridos. Missão dada, missão meio cumprida.
Brincadeiras a parte, a história de "survivor no Ibitiraquire" se resume a seguinte epopeia que, desta vez, não se faz em forma de poema.
Os nobres montanhistas e amigos, Lucas e Jonathan, resolveram realizar o trajeto levando apenas um punhado de grãos e sementes. Como emergência levaram cada um 2 pedaços de waffer. Fora a alimentação reforçada, decidiram que dormiriam ao relento em meio ao mato. Enfim, levaram juntos, aproximadas 200 gramas de comida, 2 casacos, lanternas e água. Ressalto, ambos estão em plena forma física e possuem experiência e conhecimentos técnicos suficientes para realizar tal maluquice.
Ao nascer o sol, chegou o tão esperado momento da subida, nos reunimos e então caiu a ficha que a loucura era real. Enquanto eu carregava uma mochila de 75 litros transbordando, eles levavam mochilas de 15 a 20 litros praticamente vazias.
Pois bem iniciamos a caminhada. Aí segue o relato que, por ora, será acerca do trajeto ao Caratuva, segunda montanha montanha mais alta da região do Ibitiraquire e do sul do Brasil.
Com seus aproximados 1860 metros é uma das mais belas e exuberantes montanhas da região.
Vizinha do colosso Itapiroca, possui nome característico de uma planta típica das alturas. A Caratuva, uma espécie de bambu, é uma das diversidades que integram os campos de altitude. Pela notável quantidade da planta, em especial, no topo da mencionada montanha, é que ela leva o nome da planta.
O caminho que leva a montanha é de fácil acesso, contudo é necessário estar com o físico em dia, pois o lançante final é árduo para os trekker's que pretendem realizar a subida bem carregados.
O acesso principal é pela fazenda Pico Paraná, que se diga de passagem muito bem cuidada. O local é um ótimo ponto de reunião para mochileiros e amantes da natureza. Possui um ótima infra-estrutura para aqueles que chegam de outras regiões. Dentre os serviços oferecidos pela fazenda, destacam-se a lanchonete, camas e chuveiro quente (consultar preço).
Não obstante muitos critiquem a fazenda, o gerente, o Sr. Dilson, é um homem super atencioso, prestativo e amigo. A fazenda pode ser considerada um acampamento base para os montanhistas da região, valendo cada centavo pago pelo acesso (R$ 10,00 por pessoa). Para os interessados o sítio na web da fazenda é
www.fazendapicoparaná.altamontanha.com, lá você pode encontrar preços, informações e mapa de acesso.
Ao chegar na fazenda, após estacionar o carro e fazer o cadastro pessoal, o caminho tradicional que leva a todas as montanhas da região se situa à direita do tanque de água.
Logo no início da trilha existe um grande painel com as informações locais e as indicações dadas pelo Dilson sobre mínimo impacto, que por certo devem ser observadas pelo caminhante. Acesse
www.pegaleve.org.br.
Subindo pela trilha, a caminhada é meio a mata exuberante, após aproximados 15 minutos, chega-se à pedra do grito, considera o primeiro mirante da região.
A subida rumo ao morro do Getúlio é tranquila e não demanda nenhum tipo de esforço físico além do necessário em qualquer atividade de caminhada.
Superando a pedra do grito, inicia-se uma subida um pouco mais íngreme, que em alguns momentos o caminhante avistará à esquerda a fazenda Pico Paraná.
Caminhando mais alguns minutos, chega-se à uma espécie de lago, um ótimo loca para um lanche e um descanso rápido. Continua-se o caminho pela trilha a frente, que vale destacar, mais parece uma passarela.
Aos poucos a vegetação começa a mudar de uma densa e exuberante floresta para uma vegetação mais baixa, similar a dos cerrados. Isto significa que você está próximo ao Morro do Getúlio.
Continuando a subida, chega-se ao início do Morro Getúlio, aí a vegetação é bem rala, somente vegetação rasteira. Chegando próximo às montanhas que se vê a frente (Caratuva à esquerda e Ipapiroca à direita), existe um abrigo/acampamento que é possível acampar.
Do mencionado abrigo, caminhando aproximados 10 minutos, chega-se a um entroncamento. À esquerda se situa o caminho para o Caratuva, à direita o caminho segue para o Itapiroca e Pico Paraná. É importante lembrar que quem pretende clocar o Caratuva no roteiro para o "PP", do cume dele há um caminho que segue ao Pico Paraná. É uma ótima opção para pernoitar e fazer um ataque ao "PP" pela manha do dia seguinte (era a intenção da equipe).
Como dito, a intenção era pernoitar no Caratuva e fazer o ataque ao "PP" no dia seguinte. Portanto, seguimos o caminho à esquerda.
O início do caminho para o Caratuva é bem fechado, com várias taquaras, porém é bem demarcado e gastado pelo pisar do homem.
Passando-se aproximados 50 metros pelas taquaras, o caminho fica mais limpo. Aí inicia-se uma caminhada em meio a majestosa mata atlântica.
Logo no início a subida é relativamente tranquila, agravando-se a inclinação com o passar do tempo. Após 30 minutos de caminhada, chega-se a um riacho de água potável. cruza-se ele seguindo a trilha que o acompanha por alguns poucos minutos. Neste ponto é importante alertar os desavisados que existem garrafas de água à esquerda não para consumo ou para que sejam transportadas para o cume da montanha, mas sim para combate de incêndios, pois há alguns anos o Caratuva foi vítima de um criminoso incêndio que devastou grande parte da vegetação local que, atualmente, está se recuperando.
Não há segredos para prosseguir pela trilha, existem marcações de plástico amarelo, branco e vermelho em galhos de árvores. A trilha é bem marcada, do riacho para o cume, basta acompanhar a marcação da trilha, seguindo-se pelo caminho batido pelo pisar dos caminhantes.
Um pouco antes da metade da subida, à esquerda existe uma grande fenda, que mais se assemelha a uma gruta. Não se aconselha chegar perto, pois é uma bela queda. Tendo em vista que o buraco está por volta de 50 centímetros da trilha é valioso fazer a trilha durante o dia para evitar acidentes.
Ao superar a metade da subida à direita existe um ponto com uma pequena pedra onde se pode ter uma boa visão da região.
Os momentos finais da trilha são os mais árduos em termos de inclinação, porém não é necessário ajuda de cordas, grampos ou correntes. No trecho final, à esquerda, o caminhante avistará em dois momentos, colados na trilha, duas grandes pedras que formam paredões costeados pela trilha.
Ao chegar na cabeceira do cume do Caratuva, a vegetação começa a mudar, as pequenas árvores, tão incomodas para aqueles que decidem levar suas mochilas cargueiras, dão lugar para as caratuvas e vegetação baixa. Quase transposta a parte final existe uma pequena parede de pedra (aproximados 1,8 metros) que o caminhante deverá superar para continuar pela trilha em meio as caratuvas.
O caminho para o cume possui como referencial uma grande pedra em meio as caratuvas, siga pela trilha pisoteada no chão, não há erro.
Ao chegar no cume, aparentemente não há caminho, nem acampamentos, pois existem algumas torres. A passagem para os locais de acampamento se encontra ao lado da primeira caixa branca de comunicação. Ao passar por esta caixa, avista-se uma estação de comunicação avançada e meteorologia, uma espécie de casinha. Os locais preferidos para pernoitar estão localizados à esquerda desta casinha, posição que possibilita contemplar os colossos Pico Paraná e Ciririca de uma forma inigualável.
Existe um acampamento mais deslocado à esquerda destes outros, no meio das caratuvas e vegetação. O caminho é por uma trilha praticamente invisível. Este local para pouso fica um pouco antes do início do caminho para o Taipabaçu e Ferraria (montanhas situadas à esquerda do Caratuva, na visão de quem está indo rumo ao Caratuva), partindo do Caratuva.
Quanto à trilha que segue ao acampamento 1, rumo ao "PP", ela segue por um caminho a frente dos principais locais de pouso que contemplam o "PP", não há segredo. Siga pelos caminhos formados pelo caminhar dos montanhistas.
Aí está o "caminho das pedras". Relativamente tranquilo.
Quanto ao Lucas e o Jonathan? Bem, eles decidiram dormir no acampamento no caminho para o Taipabaçu e Ferraria. Tentaram, mas não conseguiram, às 23:00 a temperatura era -5º celsius e estavam mortos de fome.
Por fim eu, Rodrigo, virei o "Sherpa" deles. Enquanto eu comia feijoada eles tremiam de frio lá fora.
Não pela fome, mas pelo frio, em determinado momento pularam para dentro da barraca e no outro dia voltamos para a fazenda, pois sem comida, com um péssimo sono, era óbvio que o "PP" estava "distante demais". Valeu a tentativa.
Na volta decidimos pelo seguinte que a excursão para o "PP" e seu relato foi prometido e será realizado, porém, antes, para quebrar o "trauma" desta aventura, decidimos realizar o "TUCUM CINCO ESTRELAS", que será em alguma brecha do tempo no mês de fevereiro ou meados de março.
Por quê cinco estrelas? A próxima postagem explicará!
Abraços a todos e boas pernadas!
Metam o pé na trilha conosco. Querendo participar, deixei um comentário e o manteremos informado das atividades.
Seguem as fotos do relato e "survivor":
Entrada da Fazenda Pico Paraná (Dilson de camisa vermelha).
O equipamento do "Sherpa" (Rodrigo).
Da esquerda para a direita: Lucas, Jonathan e Rodrigo.
Lucas e a placa logo no inicio da trilha.
Mínimo Impacto.
Início da trilha.
Rodrigo o "SHERPA" na subida inicial da trilha.
Antes de chegar na pedra do Grito. Ao fundo represa do Capivari.
Pedra do Grito. Ao fundo represa do Capivaria. A baixo e a direita fazenda "PP".
Lucas na pedra do grito.
À esquerda, olhando para baixo, Fazenda Pico Paraná.
Mudança da vegetação. Chegando ao Morro do Getulio.
Entroncamento. Direita "PP" e Itapiroca. Esquerda Caratuva.
Vista do acampamento com frente para a represa do Capivari.