sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Começando 2015 com tudo! Projeto novo - Morro do Canal

E aí pessoal que acompanha nossos canais. Realmente estivemos muito ocupados durante os últimos dois anos para fazer postagens! Brincadeiras a parte, 2015 promete com um novo projeto do pessoal do Pé na Trilha Curitiba.

Essa nova empreitada vai render boas trilhas, risadas e experiências maravilhosas!

A equipe Pé na Trilha Curitiba irá produzir 24 episódios de uma série de aventura, com apresentação de três amigos que conhecerão os caminhos, trilhas e belezas naturais mais impressionantes e emblemáticos dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O projeto de gravação terá duração de dois anos e estrearemos o primeiro episódio no segundo semestre de 2015. Não percam!

Para dar um gostinho na boca, assistam o vídeo teste que realizamos como base para o roteiro do programa, realizado no morro do canal, no município de Curitiba, Estado do Paraná.


O foco do projeto é relatar as aventuras pelo sul do país e deixar você com água na boca e as botas gritando para darem umas pernadas  "por aí...".

Caso queiram maiores informações ou queiram participar do projeto, da forma que lhes interessar, entrem em contato conosco! Será ótimo ter vocês conosco nessa empreitada!

Agora essa vai para você que curtiu o Morro do Canal e quer dar um pulo por lá e conferir tudo que nós conferimos no vídeo piloto do programa, veja nosso post relatando tudo sobre o morro do canal. Segue o link: Morro do Canal - Aquecimento para Tucum "5 Estrelas".

Um grande abraço para todos e boas pernadas! Venha botar o Pé na Trilha conosco!



quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Depois de férias uma pernada para voltar a rotina!

Salve pessoal que nos acompanha. 

Depois de dois meses de férias, o pessoal do Pé na Trilha Curitiba volta com tudo! Novos review's, estudos, dicas e, claro, muitas pernadas e aventuras.

Para começar o ano bem, vamos realizar uma excursão aberta. A aventura é uma das mais requisitadas: O CAMINHO DO ITUPAVA.

Para quem nunca realizou a trilha, devo advertir que é classificada com grau de dificuldade moderado/difícil, o percurso original tem aproximadamente 22 km (até Porto de Cima). O desnível vertical é de aproximadamente 1.000 metros. 

A trilha possui início em Borda do Campo, bairro situado no município de Quatro Barras, para quem quer mais informações sobre a trilha em si, segue uma postagem super bacana que fizemos há algum tempo: Caminho do Itupava.

Vamos para as informações para quem pretende participar. Estamos com aproximadamente quinze participantes confirmados.

Primeiramente é necessário levar a passagem de ônibus comprada, pois os ônibus tem o costume de voltar lotados, já que é a única linha que liga Morretes-Curitiba. Voltaremos no último horário, isto é, 20:15. Para comprar as passagens você poderá ir diretamente nos guichês da Viação Graciosa, localizados na Rodoferroviária de Curitiba ou comprar Online, mas não se esqueça de imprimir o comprovante de pagamento Online, pois é fundamental. Se não conseguir comprar a passagem, não vá, pois não há outra opção de volta para Curitiba. O preço da passagem é R$ 14,83. Para comprar pela internet, acesse: Morretes-Curitiba 20:15 - Viação Graciosa.

Quanto a equipamentos necessários, você deve levar uma mochila de aproximadamente 20 litros, confiável, que esteja em boas condições, pois certamente não vai querer ver suas coisas espalhadas pelo chão no meio da trilha, tendo que caminhar mais 8 km levando tudo em suas mãos!

Depois da mochila, vem os calçados. Preferencialmente use botas de caminhada, se não tiver, use um tênis com boa aderência, confortável e resistente, pois a trilha exige muito dos calçados, principalmente da aderência deles, vez que o trajeto é todo em descida e algumas trechos são absurdamente escorregadios.

Quanto as roupas, prefira camisas de Dry, pois são muito mais respiráveis que as de algodão. Prefira usar calças a bermudas, pois há trechos da trilha em que os mosquitos podem ser incomodo para aqueles que não são acostumados com este tipo de atividade.

Obrigatoriamente cada pessoa deve levar consigo uma lanterna, com baterias e mais um kit reserva de baterias. Também é recomendável levar filtro solar, boné e, se possuir, bastões de caminhada. Um kit de primeiros socorros nunca é demais, contudo a Equipe Pé na Trilha sempre possui um kit para emergências.

Evite levar coisas volumosas e pesadas, pois tudo que você levar irá carregar. A trilha não é impossível, mas não é mel na chupeta! Qualquer um em mínimas condições físicas consegue tranquilamente realizar o percurso, mas com uma carga excessiva as coisas ficam mais complicadas!

Leve seu celular, carregado. Se possível, leve um apito de segurança, não é necessário, mas todo equipamento de segurança é bem vindo! Se possuir, leve um canivete pequeno e um kit de costura, com no mínimo linha e agulha para um reparo eventual em sua mochila.

Quanto a alimentação, leve a quantidade de comida que achar necessário. Lanches rápidos, chocolate, barras de cereal, rapadura, frutas firmes. Evite bananas, nectarinas e etc, pois tendem a virar geleia durante o trajeto. Não leve refrigerantes, achocolatados. Leve muita água, pois a água é o melhor hidratante. Leve o máximo de água possível. Ao menos duas garrafinhas de 500 ml. Durante a trilha existem alguns pontos de coleta de água.

Depois de saber o que levar, vamos para as informações de partida.

Como o grupo é diverso, pessoas com mais experiência e condicionamento físico, outras com menos, teremos uma margem de doze horas para realizar o trajeto. Comumente o percurso é realizado em seis a oito horas. Contudo, por razões de volta à Curitiba, vamos iniciar a trilha no máximo às 7:00 horas da manhã, com previsibilidade de chegada às 16:00 horas. Chegando em Porto de Cima, tomaremos um bonde, com o custo de aproximadamente R$ 5,00, que nos levará até Morretes, onde tomaremos o ônibus de volta para Curitiba às 20:15.

Assim, leve aproximadamente R$ 20,00 para eventualidades e emergências, inclusive para pagar a taxa de transporte para Morretes (R$ 5,00).

Para iniciarmos a trilha às 7:00 horas, será necessário partirmos do Terminal do Guadalupe na Primeira Linha que nos levará à Quatro Barras, isto é, por volta das 5:00 da manhã. Por isso, o horário de encontro será entre 4:30 até 4:50 da madrugada do dia 02 de fevereiro. Os atrasados serão deixados para trás! Não se atrase, pois o grupo sairá no primeiro ônibus possível. O motivo da saída cedo é evitar perder o ônibus de volta às 20:15, pois o transporte de Porto de Cima para Morretes cessa às 18:30. Então, impreterivelmente, deveremos estar em Porto de Cima às 18:00.

Quaisquer outras dúvidas ou informações, entre em contato conosco pelo Inbox do Facebook - Pé na Trilha Curitiba. Não há custo nenhum além do transporte que deverá ser pago por cada participante, diretamente às empresas de transporte. Não há nenhum tipo de vinculação ou terceirização do transporte.

Você que não se inscreveu e quer participar, corra, pois enquanto tiver passagem de volta para Curitiba você está dentro! Entre em contato e mande seus dados pessoais, como nome, idade, telefone para contato.

Um grande abraço e é isso aí! Vamos começar 2013 com tudo! Metendo o Pé na Trilha!

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Saiba como arrumar sua mochila de médio porte para um trekking com pernoite!


E aí pessoal que acompanha nossas atividades! 

Infelizmente o tempo está maravilhoso durante a semana, mas, como todo bom curitibano sabe, a chegada do final de semana sempre é comprometida por amigos de longa data, chuva e o frio! Pois é, sábado e domingo, dias 24 e 25, irá chover, então o plano de irmos para o Pico Paraná foi cancelado temporariamente, mas assim que houver uma boa janela de tempo em um final de semana iremos para a região para relatar a situação da trilha e trazer curiosidades sobre o percurso!

Ainda, estamos planejando uma excursão para o Conjunto Marumbi, só que a barreira para isso é a logística do pessoal que irá participar. Como não há mais possibilidade de pernoitar no camping do Marumbi, por motivo de "obras", teremos que realizar o trekking ao estilo bate e volta, mas para isso estamos buscando formas de levar todos os participantes de uma única vez em um único veículo, um tanto complicado! Se alguém souber de alguém que possa fretar uma van, ônibus, caroça, qualquer coisa que leve 20 pessoas,  a dica virá em boa hora!

Enfim, chega de papo, vamos à postagem de hoje!

Este post é para você, iniciante ou praticante regular de trekking, montanhismo ou outra atividade de aventura, que exija pernoite com acessórios de camping, que antes de sair para a natureza selvagem pensa: "Puxa como vou fazer tudo isso caber dentro de uma mochilinha?". Ainda, pensa: "Ah! Vou deixar algumas coisas, pois não vai caber tudo mesmo, então vou virar minimalista na marra!". Talvez você pense: "Como carregar tudo sem prejudicar minhas costas e ficar com aquela abominável dor nos ombros e costas?". A resposta é simples, aprenda a arrumar e organizar bem a sua mochila.

Hoje nós trazemos para você a arrumação de uma mochila de médio porte, ou seja, aproximadamente 30 litros. O modelo que utilizaremos é a mochila Futura Vario da Deuter, com capacidade volumétrica de 32 litros.

Obviamente cada mochila possui sua particularidade, umas com mais bolsos, outras com menos, algumas com vários acessos, outras um pouco mais limitadas. Enfim, muito embora existam vários tipos de mochilas e infinitas possibilidades e meios de as arrumar, fato é que algumas regras básicas sempre devem ser observadas.

No vídeo que apresentaremos, Amend fala como levar todo o necessário para um trekking, com um ou dois dias de duração, sem deixar de lado itens essenciais, bem como sem deixar itens que elevam o conforto do aventureiro. Não obstante isso, o fato é que conforme a sua experiência aumenta, você consegue fazer mais coisas com menos recursos, ou seja, torna-se com o tempo minimalista, isto é, quanto menos peso e volume melhor a diversão! Mesmo assim, quando necessário o usuário experiente consegue de forma exemplar armazenar muito mais itens em uma mochila do que um usuário despreparado. Então a melhor dica de hoje: A experiência é o mestre maior!

Ainda assim, sabendo que não há nada melhor do que a boa e velha experiência, algumas dicas devem ser levadas em conta, facilitando sua vida na hora de arrumar sua mochila para a aventura, certamente sem deixar de zelar pelo conforto segurança e saúde do corpo.

Lembre-se sempre, carregar peso é coisa séria! Busque aprender e estudar acerca do tema e verás que pode levar muito mais do que imagina realmente conseguir!

Mas chega de conversa vamos ao vídeo:




Então é isso aí pessoal! Arrumem suas malas e boas aventuras!

Aguardem nossos relatos sobre o Pico Paraná e o Conjunto Marumbi!

Em breve mais estudos e reviews de equipamentos!

Abraços! Atte. Equipe Pé na Trilha Curitiba


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Travessia ALFA CRUCIS, uma conquista paranaense!


Demonstrativo aéreo do percurso - Google Earth

Pessoal, não podíamos deixar de realizar uma singela homenagem aos nossos colegas montanhistas que realizaram a façanha de atravessar a ALFA CRUCIS! É para os montanhistas e aventureiros paranaenses se orgulharem, mas não se empenharem em realizar o trajeto sem experiência, pois afinal, como disse Elcio, que realizou a travessia:  “É tanto mato e tanto morro que não sei se eu mato ou se morro”.

Segue a matéria publicada no site da Go Outside, texto redigido por Pedro Hauk:


"Mato e morro


Dois renomados montanhistas brasileiros completam a mítica travessia Alfa Crucis, no Paraná, em uma aventura grandiosa que durou dez dias e passou por 44 cumes

Por Pedro Hauck

FORAM MAIS DE 50 ANOS aguardando a conquista do feito. Até que, finalmente, dois montanhistas brasileiros conseguiram a proeza, cravando seus nomes na história do esporte no país. Acima de tudo, provaram algo que muitos duvidavam: sim, é possível percorrer com sucesso a maior travessia entre montanhas do Paraná, batizada de Alfa Crucis. Para isso, Elcio Douglas Ferreira e Jurandir Constantino andaram, durante dez dias sem parar, 102,5 quilômetros de trilhas pela Serra do Mar, em uma expedição que alcançou o cume de 44 picos daquele estado. 

Uma travessia nada mais é do começar a caminhar em um ponto e terminar em outro, ascendendo uma sequência de cumes. E, por uma série de razões, a Alfa Crucis pode não ser apenas a maior travessia do Brasil como também a mais difícil já realizada em nossas montanhas. A Serra do Mar não têm grandes altitudes – suas montanhas são todas inferiores a 2.000 metros. Essa característica, no entanto, cria condições para a existência de uma densa cobertura vegetal, o que dificulta o montanhismo. O sobe-e-desce é constante, e há todo tipo de vegetação por lá, de florestas com árvores gigantes a charcos que atolam até o joelho. O clima também não colabora, com muita umidade e locais que nunca secam. 

Apesar de tantas dificuldades, a dupla mostrou que tem talento, experiência e garra de sobra, como já sabiam gerações e gerações de montanhistas paranaenses. Elcio, que tem 43 anos, usa óculos e não possui físico de atleta, é famoso por andar rápido nas trilhas e por ser um cara que conhece bem os matos do Paraná. Ele é um “rato” da Serra do Mar e prefere melhorar seus tempos em cumes já conhecidos a frequentar outras montanhas Brasil afora. Elcio tem alta capacidade cardiorrespiratória e resistência. E não costuma levar nada na mochila, para andar leve e ligeiro: há anos que não acampa com barraca, não leva fogareiro e limita sua alimentação a amendoim, chocolate e suco de goiaba. Antes de sentir fome, ele já chegou ao final da trilha. Em 2008, fez o cume do Aconcágua, a montanha mais alta dos Andes, em apenas três dias, sem guia, sem aclimatação e sem nunca ter estado lá antes – ele ainda esnobou, chegando ao topo de camiseta!



DESAFIO PARANAENSE: Cenas da travessia Alfa Crucis

Já o montanhista Jurandir Constantino, de 35 anos, é mais discreto e sossegado. Conhece muito bem as montanhas paranaenses, a ponto de ter um cume na Serra do Mar batizado em sua homenagem. O jeitão de “normal” não engana: ele é amigo de Elcio e o único que consegue acompanhá-lo em suas aventuras.

ERA QUASE MEIA-NOITE do dia 28 de junho quando desembarcaram em Bairro Alto, no distrito paranaense de Antonina, três sujeitos com mochilas, botas e roupas surradas que provocaram estranheza entre a população que vive no sopé da Serra do Mar. Apressados, Elcio, Jurandir e o amigo Ivon Cesar (que faria apenas parte da travessia) não tardaram em atravessar as ruas de casinhas simples, construídas para abrigar os trabalhadores da construção de uma usina hidrelétrica na década de 1950, hoje desativada.

Rapidamente os amigos adentraram a floresta pelo caminho abandonado da antiga usina. Atravessaram ruínas de aquedutos e chegaram à antiga picada do Cristóvão, uma trilha de índios de algumas centenas de anos. Em plena madrugada, alcançaram o primeiro cume de sua epopéia, o Guaricana, de 1.530 metros.

Após um breve descanso, o trio rumou em direção ao ainda desconhecido Ferreiro (1.540 metros), morro que só recentemente ganhou uma trilha. No topo, os montanhistas tiveram que abrir uma continuação dessa picada, fazendo a travessia até o próximo pico, o Ferraria (1.760 metros). Foi um longo dia combatendo a vegetação fechada e espinhenta conhecida como quiçaça para, enfim, chegar ao cume do Ferraria, onde passaram a segunda noite.

No terceiro dia, os montanhistas aproveitaram o “luxo” de terem uma trilha para caminhar até o Taipabuçu (1.740 metros). A seguir, escalaram com facilidade o turístico Caratuva (1.860 metros). Descendo aquela montanha pela face sudeste, eles atravessaram a crista, o “elo de ligação” que separa o Caratuva do maciço isolado onde fica o Pico Paraná (1.877 metros), a montanha mais alta do sul do Brasil.

Os três desceram o Paraná por um caminho que para muitos já significaria a aventura da vida e, depois, fizeram o Tupipiá (1.550 metros), acessado por um caminho vertical de “trepa-mato”. Regressando de lá, visitaram os topos de dois outros cumes que compõem o maciço do “PP”, como é carinhosamente chamada a montanha mais alta do estado. À Meia-noite, alcançavam o topo do Itapiroca (1.800 metros) para seu terceiro pernoite.

No quarto dia, o grupo enfrentou uma trilha difícil, pouco frequentada e cheia de pontos confusos: o caminho entre o Itapiroca e o Siririca (1.705 metros), que já fez muita gente se perder. Ao sul da Siririca, há uma pequena serra composta por três cumes – os Agudos da Lontra (1.417 metros), da Cotia (1.456 metros) e da Cuíca (1.350 metros), montanhas com as trilhas mais remotas da Serra do Mar. O grupo pôde então descansar em um planalto com vegetação campestre. Sem árvores para esticar sua lona, único abrigo que levaram para a travessia, tiveram de bivacar ao relento, num hotel “mil estrelas”.

FRIO FAZ PARTE: Jurandir todo encapotado, durante a travessia

DALI PRA FRENTE, A TRILHA PASSA a ser feita em rios. Descendo o rio Forquilha, rapidamente deixaram os campos abertos e adentraram uma floresta pluvial. Como se não bastasse a água gelada, que obedecendo à Lei de Murphy sempre bate na altura do “termômetro masculino”, o leito pedregoso desafiava cada passo. 

Com muito faro de navegação, os três conseguiram sair do rio no lugar certo e começar a circular por entre as centenas de trilhas de palmiteiros e caçadores, que praticam suas atividades ilegais à sombra das autoridades. No papel, ali fica o Parque Estadual Roberto Ribas Lange, mas, na prática, não há parque algum. No final da tarde, chegaram à estrada da Graciosa. Ivon Cesar aproveitou o contato com a civilização para dizer adeus à aventura e a suas férias. Elcio e Jurandir, no entanto, sabiam que ainda tinham muito trabalho pela frente. À noite, ficaram perto das ruínas da Casa Garbes, uma antiga mansão de pedra.

Com a ascensão do morro do Sete na manhã seguinte, a dupla começava a realizar a travessia do segundo bloco montanhoso, o da Farinha Seca. Lá, os cumes são próximos, mas entre as montanhas há enormes desníveis, quase sempre superiores a 500 metros. Apesar da dificuldade, a dupla conseguiu atravessar vários picos, descansando apenas à meia-noite do sexto dia, no cume do Morro dos Macacos (1.180 metros).

No dia seguinte, chegaram ao Morro do Balança (950 metros), onde há 15 anos faleceu Oséias Gonçalves Araujo, o “Black”, durante a primeira tentativa de percorrer o caminho, com Elcio. O acidente não foi por acaso: os mais de mil metros de desnível, aliado à inclinação das encostas e ao mau tempo revelaram-se fatais. Superando o trauma, Elcio passou novamente por essa montanha e pernoitou no final do sétimo dia na vila do Marumbi, no começo da última serra que a dupla teria que enfrentar.
O caminho dali em diante teria que ser percorrido na surdina. O Marumbi é o único parque da Serra do Mar com alguma estrutura mas, contraditoriamente, dois-terços de sua área é proibida para visitação. Subindo por uma das trilhas permitidas, a dupla fez mais cinco cumes, entre eles o da Esfinge (1.330 metros) e o Ponta do Tigre (1.380 metros). O fechamento de grande parte do parque a turistas resultou em uma vegetação espinhenta que dificultou muito a caminhada. Nessa noite eles pernoitaram no cume do Pelado (1.512 metros), onde acaba essa trilha.

Com a meta de finalizarem a travessia, a dupla acordou às seis da manhã. Os planos, no entanto, foram por água abaixo. Uma vegetação espinhenta e infernal fechou o caminho completamente. Sem facão, eles tiveram que atravessar a quiçaça rasgando a carne nos bambus e cipós. 

Naquela noite a janela de bom tempo se fechou, e o vento não tardou em trazer para a serra toda uma massa de ar fria que descarregou um aguaceiro nas montanhas. Sem barracas, Elcio e Jurandir tiveram que se espremer embaixo da pequena lona. Foi uma noite longa e sofrida. Nas primeiras horas do dia, a dupla estava hipotérmica e teve que lutar para se colocar em marcha. Nada do que eles traziam na mochila estava seco e, para piorar, já não havia nada para comer. Eles tiveram que gastar as últimas calorias para ascenderem morros como o Ferradura (1.404 metros) e o do Canal (1.370 metros), finalizando a travessia no sítio do “seu Toninho”. Não havia ninguém por ali para recebê-los, sem poder comemorar o feito, a dupla ainda caminhou uma dezena de quilômetros até a BR 277, onde foram “resgatados” por um irmão de Elcio, no final do décimo dia de expedição. 

VERDEJANTE: Paisagem da serra do Mar paranaense 

NA DÉCADA DE 1990, a abertura das travessias da Serra Fina e da Marins Itaguaré, na Serra da Mantiqueira, contribuiu para a consolidação do conceito de travessias em montanhas. Isso incentivou novas aventuras desse tipo pelo Brasil, aumentando os desafios do montanhismo de caminhada no país. 

Infelizmente, pouco tempo depois, os parques começaram uma política restritiva, fazendo planos de manejo cada vez mais proibitivos à visitação do público. Como resultado, a Alfa Crucis não podia ser realizada. Uma década e meia depois, com a revisão dessas políticas, diversas travessias antes fechadas voltaram a ser freqüentadas. No Paraná, as autoridades ambientais ainda não estão seguindo a tendência de flexibilizar as restrições, mas mesmo assim os montanhistas locais não desistem de resgatar antigos caminhos e trilhar outros novos.

A Alfa Crucis, por sua enorme dificuldade, não deve se popularizar facilmente. Como bem brincou Elcio: “É tanto mato e tanto morro que não sei se eu mato ou se morro”. Mas, se as travessias fossem incentivadas pelos governos, talvez deixássemos de ver tantos caçadores e palmiteiros ilegais nas trilhas e a Alfa Crucis poderia se tornar um destino turístico, nos moldes da Trilha John Muir, no Yosemite (EUA), uma das maiores travessias do mundo. Enquanto isso não acontece, podemos pelo menos parabenizar Elcio e Jurandir por sua coragem, resistência e paixão verdadeira pelas travessias brasileiras."

Fonte: Go Outside

Valeu Elcio e Jurandir por mais essa conquista paranaense!

Um abraço a todos!

Atte. Equipe Pé na Trilha Curitiba